Cena curta (Mais um caso clínicoA)

(Quarto de hospital particular, madrugada de segunda-feira. Amadeu, senhor de 60 anos, debate-se na cama)

AMADEU: Enfermeira! Enfermeira! Pelo amor de Deus, enfermeira!

(Entra Paola, Enfermeira jovem e bonita. Aparenta ter seus 26 anos. É dedicada e apaixonada pela profissão)

PAOLA: O que houve, seu Amadeu? Está com dor?

AMADEU: Não, não. Não é nada disso. Acho que é pior...

PAOLA: Quer ir ao banheiro...

AMADEU: não é isso...

PAOLA: De que se trata, seu Amadeu? Não posso adivinhar...

AMADEU: É um problema sério e constrangedor...

PAOLA: Nós, enfermeiras, estamos habituadas a limpar cocô...

AMADEU: Não não... É pior. É pior...

PAOLA: Diga logo, seu Amadeu!

AMADEU (constrangidíssimo) : Veja bem, não me entenda mal... Não quero que pense que sou mal intencionado, que sou tarado, essas coisas. Mas eu tenho um hábito, quase um vício. Todas as noites eu... eu... Eu me toco durante à noite...

PAOLA: (assustada) Seu Amadeu!

AMADEU: oh, por favor. Não me entenda mal. Eu sou um homem sério. Mas o fato é que... Que... Com a cirurgia de ontem, fez dois dias que não faço nada e isso é tempo demais pra mim. Estou com as duas mãos presas. Uma com este soro, a outra com esse gesso irritante, que coça demais e não tenho como "colocar a mão", entende?

PAOLA: Problema do senhor....

AMADEU: Oh, não! Não faça isso, por favor. Veja, estou num desespero que só vendo. (Paola olha para o local por ele indicado e toma um susto). Sei que não é sua função, mas não aguento mais. Se você quiser, eu pago pra você me ajudar...

PAOLA:(indignada) Ora, faça-me o favor, seu Amadeu! Faça-me o favor! Faça o favor de ir dormir. (sai e bate a porta)

AMADEU: Não me entenda mal. É só uma ajudinha. ENFERMEIRA! ENFERMEIRA, PELO AMOR DE DEUS!

(Abre-se a porta lentamente, é um enfermeiro)

DIOGO: Algum problema, seu Amadeu? Precisa de ajuda? O senhor parece desesperado...

AMADEU: (disfarçando) Ah! Sim! Estou sim. Ahmm... Que horas são?

DIOGO: Duas e meia. Só isso?

AMADEU: Só... Só...

DIOGO: Tem certeza? Não precisa de mais nada?

AMADEU: Não... não... Não preciso.

DIOGO: Qualquer coisa, é só avisar! (sai)

AMADEU: Que pena... dessa vez não deu... Mas eu ainda devoro aquela mulher...







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