Curioso caso clínico.

Era um caso clínico não muito comum. Um homem variando os 20,30 anos, de boa aparência, voz suave, que estava há algumas semanas doente e hospital nenhum conseguiu atendê-lo, devido a uma crise de pandemia. Porém, num hospital mais afastado do centro, descobriram sua doença, que estava em estágio avançado.
Tinha uma doença pouco comum nos dias atuais, a malária, e devido a doença já ter alcançado os órgãos vitais, precisava ser internado o mais urgente possível, caso contrário, não teria chances de vida.
Estava com anemia, icterícia e seu fígado já não estava como era antes.
Ficou internado, aguardando o início do tratamento num quarto do hospital, ao lado de um senhor bem magro e enfermo.
Enquanto o moribundo ao seu lado recebia toda atenção, ele estava apenas com um soro na veia, esperando o início do tratamento. Tinha a necessidade de ter alguém por perto, algum médico, uma enfermeira, para se sentir bem. Enquanto isso, o velho gritava de dor ao seu lado. O homem já não suportava mais aquela situação desconfortável, e na tentativa de chamar atenção, deu um grito ainda maior que o do velho na expectativa de que alguém entrasse no quarto.
Apareceu uma médica, que apenas passava pelo local, não era seu setor. Ela trabalhava na pediatria e acabara de visitar sua paciente. Entrou no quarto, fechou a porta e logo se irritou com o rapaz que começou a rir após sua entrada, já que sua tentativa não foi frustrada.
Olhou seu nome na ficha, que estava na beirada da cama, viu do que se tratava a enfermidade, olhou para ele, abaixou a cabeça. Pegou um Termômetro e outros utensílios para examiná-lo e logo resmungou:
-Já que o senhor está bem, porque grita tanto?
Ele olhou-a dos pés a cabeça, engrossou a voz e disse:
-Estou irritado com este homem ao meu lado. Está delirando de tão doente, e vocês nem se importam? Ninguém entra neste quarto há um bom tempo. Estou doente, queria um momento de paz, sem gritaria, ou quem sabe um pouco de atenção.
Ela se aproximou, olhou em seus olhos, saiu, chegou até a porta e de lá suplicou:
- É possível ter compaixão por alguém? Se quer saber, este senhor tem mais chances de vida que você, não me faça perder a paciência seu insolente, são os efeitos do remédio apenas. Amanhã talvez ele até já receba alta. - disse a doutora, que não estava em um de seus melhores dias.
E assim, foi embora, desceu até sua sala e atendeu seus pacientes como de costume.
Passou um tempo, o senhor já tinha sido liberado o homem estava ainda internado, sozinho, aguardando o fim de seu tratamento, que ainda demoraria alguns dias. Não tinha família ali por perto nem nada. Sentia um vazio, uma tristeza abundante.
Duas enfermeiras e um médico passavam por seu quarto todos os dias para medicá-lo. O enfermo se sentia ainda mais deprimido e debilitado, pela rotina em que aquilo havia se tornado. Resolveu gritar por desespero, por pura infantilidade, apenas para ver se alguém entrava naquele quarto, como da última vez.
Entrou correndo Isabel, a mesma médica que entrara semanas atrás, que por pura coincidência, passava pelo local como da última vez.
Ao ouvir os gritos, correu e entrou no quarto, analisou de longe e notou que era o mesmo que gritara há dias atrás. Pegou sua ficha, seu nome e continuou.
-Sr... sr... César, não é?
-Eu mesmo, e a senhora é?
-Doutora Isabel, a mesma que o acudiu quando gritou da última vez. E o que ainda o faz gritar?- disse a doutora, percebendo que entrara naquela sala em vão.
-Queria ver se gritando vinha até mim - e durante sua risada irônica, tentou se levantar.
- Fique ai mesmo, não precisa se levantar, eu já estou indo, já notei que está de gracinha. Se não tem o que fazer, tente dormir, o hospital está lotado, não precisamos de gente fazendo tumulto, já temos o suficiente.
César levantou-se em um impulso, tomado pela solidão.
-Por favor, fique!
Isabel se sensibilizou com a pressão psicológica do rapaz. Não o aturava, o achava uma criança mesquinha e irritante, mas passou a acompanhar seu tratamento, indo visitá-lo todos os dias.
Ao passar do tempo, a doutora tão mal humorada e rude, transformou a repulsa que sentia pelo rapaz em respeito, amizade e amor. Quando notou o que sentia, começou a se afastar, e aos poucos o evitava pelos corredores, queria esquecê-lo.
Ela não se dava conta, mais o que sentia era mais forte a cada dia. Isabel passou a ver que aquele sentimento era inevitável. Então certo dia, passou pelo corredor dos quartos duas vezes, não ouvia nada, nenhum grito, estava tudo um silêncio pleno e tranquilo. A calmaria quase a fez desistir de procurá-lo, mais se preocupou com César e entrou de uma vez no quarto onde ele estava internado para lhe contar tudo o que sentia. Abriu a porta e um sorriso, andou, e quando se deu conta, ele não estava mais lá. Em seu lugar, estavam duas mulheres que tinham acabado de fazer uma cirurgia de prótese.
Perguntou a elas o que tinha acontecido com o antigo paciente, caso soubessem.
Uma delas avisou que ele se foi.
Naquele mesmo segundo ela saiu correndo batendo a porta, procurando por alguma notícia do suposto morto que amava tanto.
Voou pelo hospital inteiro, procurando notícias.
Dos 10 primeiros médicos que viu, alguns achavam que tinha morrido, já que seu caso era tão grave, outros não estavam cientes da passagem daquele tal enfermo no hospital e poucos deram a certeza de que estava vivo.
Estava decidida a procurar mais respostas e se recusava a procurá-lo no necrotério, onde a tristeza reinava.
Estava ficando cada vez mais desesperada. Chegou a pensar que estava louca mas logo voltou a lucidez. Tinha que encontrá-lo naquele instante, não aguentava mais a distância. Estava nervosa, apavorada, corria pelo hospital a sua procura como um louco foge do hospício. Entrava em áreas que não era permitido entrar. Corria, corria, como se ganhasse um prêmio se encontrasse César. Sabia que não conseguiria andar por todo hospital, era enorme, e naquele tumulto, misturava pessoas com vulto, a loucura com a lucidez, e caiu pálida no chão, não aguentou e desmaiou.
Uma equipe socorreu Isabel e a deixou num quarto, no andar de cima ,um pouco mais luxuoso,acreditando que aquela situação só acorreu devido a sua ansiedade , ou por estar muito cansada. Ela permaneceu no quarto por horas, até acordar e notar o que tinha acontecido. Olhou para seu lado esquerdo e se deparou com César.
Estava menos pálido, sentado na cama ao lado sorrindo.
O final não é necessário contar, o que importa foi como os dois conseguiram se encontrar.



proonto! acabei! por gentileza, escrevam comentários :)
obrigada!

5 comentários:

.:: Roberta Conde ::. disse...

UAAAAAAAAAU!!!
ANINHA, FOI VC QUE ESCREVEU?
É UM ESPETÁCULO INTEIRO!
HEHEHEHE
Adorei!
Parabéns, mandou mto bem!

Marcellinha disse...

Meeeuuu.....juro que minha imaginação vooouu e uma certa forma mto gostooosaaa....imagineialguns finais, imaginei o meio da história de umas 2 formas dfirerentes....que deliiiciiaa...mais pra eu escrever uma coisa assim, demooooorraaa...UASHUAHSUASHAS...Bjoooss...adorei

Ronam Toguchi disse...

'Não é necessário comentar, o que importa é como os dois conseguiram se encontrar.' hahaha (espero que não se incomode com o trocadilho)
Muito bom... Os famosos embaraços do amor! Gostei muito, é interessante o que você demonstrou, ódio pode se tornar amor com o tempo...
E que as vezes mulheres inteligentes e sábias, podem se apaixonar por crianças mesquinhas, irritantes e difíceis de aturar.
Parabéns!
Grande beijo ;)

Varlei Xavier disse...

Vixe...

joelma schmidt disse...

maravilha aninha parabéns,e quem tava preocupada,preocupada com o que guria???vc tem talento!!!tá decidido vc e tatti escrevem eu leio e aprovo UshuaUshuaUshuaUshua

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